Duzentos esqueletos foram descobertos sob o solo de um supermercado no centro de Paris. Por Pierre Pichoff

Até esta quarta-feira (4), os clientes do supermercado Monoprix em Paris ignoravam que, alguns metros abaixo do carrinho de compras, estavam alguns centenas de esqueletos. Situado no segundo bairro de Paris, perto do metro « Sebastopol », uma busca liderada por um time do Inrap (instituto Nacional de Pesquisa Arqueológica preventiva) descobriu sepulturas velhas no local, provavelmente de séculos atrás.

No século 12, um cemitério do hospital da Trinidade funcionava no local e teria sido destruído por volta do fim do seculo 18: « O trabalho não foi muito bem realizado.. » diz a arqueóloga Isabelle Abadie que está na liderança da escavação.

Na área escavada de 100 m2, oito sepulturas foram descobertas. Sete delas têm entre cinco e vinte indivíduos cada, divididos em 2 até 5 níveis. O oitavo buraco, o mais impressionante, revelou mais de 150 esqueletos, dispostos em vários níveis. “Mas há ainda uma outra camada abaixo”, disse o arqueólogo.

No solo arenoso, dezenas de esqueletos bem preservados estão alinhados uns contra os outros. As pessoas parecem ter tido os braços cruzados e as pernas juntas, sugerindo que eles estavam envoltos em um lençol. “O que é surpreendente é que os corpos não foram jogados, mas depositados de uma forma cuidadosamente organizada. Os indivíduos, homens, mulheres e crianças foram colocados de modo a economizar espaço “, avaliou o arqueólogo Isabelle Abadie. “Isso sugere que houve muitas mortes de uma vez só. A escavação dos túmulos irá trazer novas informações sobre as práticas funerárias implementadas nos hospitais nos tempos medievais e modernos”, indica a Inrap.

Por que tantas pessoas morreram em um tempo tão perto: epidemia, febre ou a fome? Paris foi atingido por vários surtos de peste nos seculos 14, 15 e 16. A capital também foi afetada pela varíola no século 17. A razão das mortes desses esqueletos está longe de ser descoberta. As amostras de DNA já estão em andamento, numa tentativa de desvendar o mistério. Eles também ajudarão a estabelecer possíveis ligações genéticas entre os indivíduos. Datações com Carbono 14 serão feitos para entender o quão velhas estão estas sepulturas.

“Com o nosso plano de remodelação do supermercado, decidimos remover um promontório que estava no segundo subsolo, o que desencadeou escavações preventivas”, diz Pascal Roy, diretor da loja. “Nós esperávamos encontrar alguns ossos já que o lugar tinha sido um cemitério, mas não esperávamos encontrar sepulturas”. Agora, uma corrida contra o relógio começou já que os arqueólogos devem ter concluído a escavação até o 20 de Março, para permitir a loja de começar o seu trabalho. Caberá ao estado dar uma outra sepultura, desse vez definitiva, para os mortos.

Pierre Pichoff

Escritor, colabora para diversos veículos de comunicação no Brasil, como O Estado do Maranhão e o Matheus Leitão News.

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