Agência não rebaixa nota do Brasil e reduz pessimismo com a economia
A presidente Dilma recebeu uma boa notícia nesta data (dia 23), ao final da tarde, que serviu para reverter o pessimismo da manhã, quando reuniu a equipe econômica para uma avaliação dos passos que estão sendo dados para enfrentar a crise. A agência de análise de risco Standard & Poor’s reafirmou nesta segunda-feira o rating de crédito da dívida de longo prazo em moeda estrangeira do Brasil em “BBB-” e o rating de crédito da dívida de longo prazo em moeda local em “BBB+”. Ao manter a nota, a agência classificação S&P sinalizou que o país continua um bom pagador, mas reconhece que a presidente Dilma “enfrenta um cenário político e econômico extremamente desafiador, em meio a um acentuado declínio nas taxas de aprovação, contração econômico e investigações da corrupção na Petrobras”.
Na reunião, a presidente Dilma recebeu números nada otimistas sobre a economia. O saldo comercial – exportações menos importações – continua registrando déficit este ano e já atinge R$ 6,3 bilhões e a previsão da inflação, medida pelo IPCA, continua subindo. Agentes financeiros, ouvidos pelo Boletim Focus, do Banco Central, divulgado nesta data, elevaram a inflação deste ano para 8,12% contra 7,93% na edição anterior do Focus. O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, que participou da reunião disse aos jornalistas que está trabalhando para “para trazer a inflação para o centro da meta, que é de 4,5%. o mais rápido possível”.
A agência de análise norte-americana S&P afirma que “em uma guinada da política adotada no primeiro mandato, a presidente encarregou sua equipe econômica a elaborar um considerável ajuste em várias políticas – não apenas fiscal – para restaurar a credibilidade perdida e fortalecer os agora enfraquecidos perfis fiscal e econômico do Brasil”.
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, está sendo esperado na data de amanhã (dia 24) na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado para um debate com os senadores sobre o futuro da política econômica do governo, especialmente na área do cambio e do combate à inflação.
CORTES NO ORÇAMENTO
O ministro garantiu que o governo está correndo para divulgar, antes do prazo legal de 40 dias, o decreto de programação orçamentária, definindo os cortes dos gastos que serão feitos no Orçamento da União, o chamado contingenciamento. A palavra final sobre os setores atingidos e os respectivos valores será da presidente Dilma. O mercado calcula que esses poderão variar de R$ 60 bi a R$ 80 bilhões, mas acreditam que os programas da área social deverão ser poupados.
Nelson Barbosa negou que o governo estude novas medidas de ajuste fiscal, enquanto o Congresso debate as medidas provisórias já enviadas pelo governo. “Medidas foram propostas em grau adequado e correto e vamos ouvir sugestões, não é momento de discutir alternativas ao que ainda não foi aprovado”, afirmou. “Somente após isso avaliaremos se é necessário ou não medidas alternativas ou complementares”, reforçou.
Barbosa também admitiu atrasos nos pagamentos do governo em algumas obras. “Estamos trabalhando com todos os restos a pagar, pode haver atraso, mas o compromisso do governo é pagar todas as obras, estamos seguindo o cronograma”, afirmou.
O dólar na data de hoje (dia 23) recuou de 2,16%, depois de atingir quase R$ 3,30 na semana passada, apontada a maior cotação desde abril de 2003. Mass a alta volatilidade do mercado de câmbio não permite dizer que se trata de uma tendência firme de baixa. A expectativa é de que o dólar continue oscilando em função de fatores externos e internos e feche o ano a R$ 3,15.
COMÉRCIO EXTERIOR
A balança comercial brasileira registrou déficit de US$ 199 milhões na terceira semana de março, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O resultado negativo decorreu de exportações de US$ 3,677 bilhões e importações de US$ 3,876 bilhões. Com o déficit na terceira semana, a balança comercial no mês acumula saldo negativo de US$ 273 milhões. No ano, o déficit totaliza US$ 6,288 bilhões.
Os exportadores continuam esperando o Plano Nacional de Exportações, que o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, anunciou no dia 2 deste mês na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). Naquela ocasião prometeu que seria lançado pelo governo até o fim da primeira quinzena de março, o que ainda não aconteceu. “Dentro de duas semanas, nós esperamos anunciar todas as medidas que estão vinculadas ao plano”, prometeu o ministro.
O ministro considerou que “ainda é cedo para fazer algum prognóstico para o ano, porque a balança de fevereiro foi afetada pelos embarques da soja, cuja colheita atrasou. Por isso, o volume exportado no mês foi menor do que o de anos anteriores, com reflexos negativos no saldo acumulado deste ano”.