Dilma teme que protesto popular fortaleça pedido de impeachment
As vaias que foram dirigidas à presidente Dilma Roussef durante a solenidade de abertura do 21º Salão Internacional da Construção, no parque de exposições do Anhembi, em São Paulo, nesta manhã, dia 10, segundo alguns parlamentares da base aliada, aumentam a preocupação do governo com o fortalecimento do movimento de protesto que está sendo convocado através das redes social, para domingo, dia 15 em várias capitais brasileiras e até no exterior. O governo teme que essas manifestações de insatisfação da população venham engrossar as vozes em defesa do impeachment.
A presidente Dilma, num rápido encontro com jornalistas, um dia após ao panelaço e o buzinaço de domingo a noite, dia 8, durante pronunciamento da presidente em cadeira da rádio e TV, afirmou que não vê razões para impeachment, como se fosse um “terceiro turno”, o que classificou como ruptura da ordem democrática. Os organizadores das marchas de protestos programadas para dia 15, domingo, lideradas pelo “Movimento Brasil Livre” e “Vem Pra Rua”, através das redes sociais, calcula que haverá manifestações em 32 cidades brasileiras, além de Boston, nos Estados Unidos, e Sidney, na Austrália.
DEFESA DO DIÁLOGO
O ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, manifestou sua preocupação com a defesa do impeachment da presidente Dilma, por parte de alguns setores da sociedade, e definiu o momento como “muito sombrio”. Em recente entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, FHC acha que os protestos organizados para domingo, dia 15, estão se fortalecendo, mas não acredita que o impeachment seja a principal motivação para a realização desses protestos.
FHC fez uma rápida análise do movimento e acredita que muitas pessoas vão para as ruas apenas para manifestar seu desagrado com a política econômica da presidente Dilma. Como se trata de movimento nascido nas redes sociais, convocados por vários setores da sociedade, independentes uns dos outros e por motivos diferentes, “e totalmente independente dos partidos”, explicou FHC. Ele acha que o PSDB faz bem em não se engajar nos movimentos que convidam o povo a ir para a rua e adverte que “a rua, neste momento, não é dos partidos, é do povo. É o povo que vai para a rua”.
Reservadamente, dirigentes do partido transmitiram à presidente Dilma preocupação com as frequentes vaias dirigidas à presidente e com as manifestações programadas para domingo. Afirmam que não se pode ignorar o episódio.
Alguns assessores do Palácio do Planalto têm recomendado que a presidente Dilma não endosse o discurso mais radical de alguns setores do PT e aconselham que, neste momento, “a melhor estratégia é mostrar abertura para o diálogo, pregando tolerância e respeito a divergências, mas sempre criticando qualquer defesa de impeachment”. A principal preocupação de aliados de Dilma é com São Paulo, onde se concentraram os protestos e reações ao PT e à presidente.