Pesquisas com eucaliptos transgênicos são destruídas por mulheres do MST

As variedades transgênicas de eucalipto, que podem produzir até 20% mais de celulose por hectare, comparativamente às espécies em uso hoje pelas fábricas de papel e celulose, despertaram a ira do Movimento dos Trabalhadores Rurais em Terra (MST), que mobilizou nessa quinta-feira, dia 6, cerca de 500 mulheres armadas de facões, machados e paus para invadirem a sede da empresa Futura Gene de biotecnologia da Suzano Papel e Celulose, na cidade de Itapetininga, no interior de São Paulo, onde destruíram estufas e mudas de eucaliptos transgênicos, conhecidos como H421, obtidos após 14 anos de pesquisas.

Numa ação coordenada pela direção do MST, enquanto as mulheres atacavam a sede da empresa em Itapetininga um grupo de integrantes da Via Campesina ocupava a sede da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), em Brasília, para impedir a reunião que examinava a liberação de três novas variedades de plantas transgênicas no país, sendo duas de milho e a do eucalipto H421. Os manifestantes conseguiram impedir a liberação do H421, obrigando a CTNbio a adiar a decisão para o mês que vem, mas as variedades de milho transgênicos, desenvolvidos pela multinacional Monsanto, foram liberadas para uso na agricultura brasileira.

CONSUMO DE ÁGUA

“Lamentamos o ocorrido”, disse o presidente da Suzano, Walter Schalka. O executivo afirmou que a companhia vai procurar dialogar com ONGs e grupos contrários ao eucalipto transgênico para mostrar quais são os ganhos que essa variedade trará à sociedade, como a redução da emissão de gás carbônico no transporte da madeira e a liberação de terras para outros usos, entre os quais alimentação. O pedido de liberação de uso comercial do eucalipto transgênico apresentado pela FuturaGene começou a ser debatido com a sociedade em setembro, em audiência pública, na CTNBio.

Segundo técnicos do CNTbio o eucalipto é uma árvore que retira muita água do solo, tanto que é plantado em áreas alagados em várias regiões de fronteira no Rio Grande de Sul. A versão transgênica, em estudo pela Suzano Papel e Celulose, altera células para apressar o crescimento, mas retira ainda mais água do solo, adiantando o processo de desertificação principalmente em áreas com baixa disponibilidade hídrica. Sem contar que vai prejudicar gravemente a atividade de apicultura, fonte de renda para muitos pequenos produtores. Isso porque diversas espécies de abelhas vivem em regiões de eucaliptos.

“Faltaram estudos de balanço hídrico e de seu impacto sobre dezenas de variedades de abelha, que participam do processo de polinização. Sabe-se apenas que o Brasil, segundo exportador global de mel orgânico, perderá a certificação e os mercados”. De acordo esses técnicos, o Brasil descumpre acordo internacional onde as liberações comerciais de árvores transgênicas restam em moratória até a conclusão de estudos de impacto ainda em andamento.

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