Ministro da Justiça diz que não vai tolerar vazamentos da PF
O novo ministro da Justiça, Eugênio Aragão, afirmou que não vai tolerar vazamentos de investigações. Ele disse ainda que, se “cheirar” vazamento por um agente, a equipe inteira será trocada, sem a necessidade de ter prova. As declarações foram feitas em entrevista o jornal Folha de S. Paulo e já causaram bastante polêmica Brasil afora.
O presidente da Associação de Delegados da Polícia Federal (ADPF), Carlos Eduardo Miguel Sobral, criticou as afirmações do novo ministro dizendo que a entidade não compactua com vazamentos. Já a Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) informou à “Folha” esperar que a gestão do novo ministro foque na busca do equilíbrio dos ânimos internos do órgão.
Aragão tomou posse na última quinta-feira (17) no lugar do ex-ministro Wellington César Lima e Silva, que ficou apenas 11 dias no cargo após uma polêmica por ser integrante do Ministério Público.
“A primeira atitude que tomo é: cheirou vazamento de investigação por um agente nosso, a equipe será trocada, toda. Cheirou. Eu não preciso ter prova. A PF está sob nossa supervisão. Se eu tiver um cheiro de vazamento, eu troco a equipe. Agora, quero também que, se a equipe disser ‘não fomos nós’, que me traga claros elementos de quem vazou”, destacou.
O presidente da ADPF rebateu: “Nós lamentamos profundamente as frases do ministro da Justiça, que disse que trocará a equipe da investigação Lava Jato sem qualquer prova, sem qualquer apuração, sem qualquer indício de que há vazamento”, disse Sobral. Ele afirmou também que a entidade avalia tomar medidas judicias para evitar qualquer tipo de afastamento sem prova.
Na avaliação do presidente da Fenapef, Luís Boudens, “é compreensível a preocupação do novo Ministro da Justiça, Eugênio Aragão, embora isso não atinja a autonomia investigativa da Polícia Federal”.
Depois do posicionamento das entidades, o ministro divulgou nota na qual afirma que “dará todo apoio e amparo ao cumprimento da nobre missão policial”. “A Polícia Federal é reconhecida pelo profissionalismo e eficiência de sua atuação, que deve ser aprimorada e apoiada permanentemente. […] Verificada a existência de procedimento irregular ou com suspeição fundada de irregularidade, é dever da autoridade supervisora afastar o risco ao devido processo legal, de maneira a garantir os direitos e garantias fundamentais dos cidadãos”, disse.