Temer se adianta à Dilma e critica posicionamento da presidente na ONU
Antecipando-se ao pronunciamento que a presidente Dilma Rousseff fará hoje durante evento em Nova York, na Organização das Nações Unidas (ONU), o vice-presidente Michel Temer concedeu entrevistas à agência Dow Jones, ao Wall Street Journal, ao Financial Times e ao New York Times.
À Dow Jones, o presidente do PMDB refutou o termo “golpe” dado ao processo de impeachment. Ele disse que já tem um gabinete na cabeça, mas não citou nomes. Enquanto Dilma não retorna ao Brasil, amanhã, Temer é o presidente em exercício.
As entrevistas concedidas ao Financial e ao Times estavam marcadas para serem divulgadas nesta sexta-feira (22), no mesmo dia em que Dilma deve se pronunciar na ONU e falar sobre o impeachment.
À Dow Jones, Temer destacou que está pronto para assumir o governo caso o impeachment avance no Senado. “Ela (Dilma) tem dito que eu sou um conspirador, o que obviamente é algo triste para mim e para a Vice-Presidência da República”, lamentou.
Temer ainda garantiu que o processo de impedimento é legal. “Cada passo do impeachment está de acordo com a Constituição. Como isso poderia ser chamado de golpe?”, questionou. O peemedebista disse que já está falando com aliadas sobre a nova composição do governo, mas não antecipou nomes. “Quando o tempo chegar, eu terei um gabinete na cabeça e, apenas nesse momento, revelarei nomes.”
‘Democracia em perigo’
Além de “denunciar” o que chama de “golpe em curso” nas Nações Unidas, a presidente Dilma deve ainda ceder entrevistas à mídia internacional, nas quais pretende relatar que a democracia “está em perigo” no Brasil.
A informação de palacianos é de que a presidente foi convencida a pregar o mundo afora que está sofrendo um golpe. Segundo análises internas do Palácio do Planalto, Dilma não tem alternativa, porque a admissibilidade do processo de impeachment no Senado é dada como praticamente certa. Por isso, a saída, pelo menos em termos de apoio, seria criar uma pressão internacional.