Dilma defende consulta popular caso retorne ao cargo
Em entrevista concedido à TV Brasil, a presidenta afastada Dilma Rousseff defendeu uma consulta popular se o Senado não decidir pelo seu impedimento. A petista disse que é a população quem deve decidir pela continuidade de seu governo ou a realização de novas eleições.
“O pacto que vinha desde a Constituição de 1988 foi rompido e não acredito que se recomponha esse pacto dentro de gabinete. Acredito que a população seja consultada”, afirmou.
Para ela, o país não conseguirá superar a crise com o governo interino. Dilma acredita que o povo não terá confiança no comando de Temer pelo fato de ele não ter passado pelo crivo das urnas. “Como você acha que alguém vai acreditar que os contratos serão mantidos se o maior
Dilma também criticou uma vez mais a legalidade do processo de afastamento usando como o argumento o fato de que, ainda que a Constituição preveja o impeachment, ela também estipula que é preciso haver crime para que se categorize o impedimento.
“Não é possível dar um jeitinho e forçar um pouquinho e tornar esse artigo elástico e qualificar como crime aquilo que não é crime. Os presidentes que me antecederam fizeram mais decretos do que eu. O senhor Fernando Henrique [Cardoso] fez entre 23 e 30 decretos do mesmo tipo”, ressaltou.
Ela completou ainda, dizendo que não se trata apenas do mandato dela. Porém, de uma questão democrática. “Não é o meu mandato, mas as consequências que tem sobre a democracia brasileira tirar um mandato. Isso não afeta só a Presidência da República, afeta todos os Poderes”.
Dilma salientou que reivindica voltar ao posto por compreender que não cometeu crime. Por isso, saiu em defesa de uma ampla reforma política que discuta o tema. “Não temos que acabar com o presidencialismo, temos que criar as condições pela reforma política”.
Por isso, disse, a consulta popular deve ocorrer sim. “Só a consulta popular para lavar e enxaguar essa lambança que está sendo o governo Temer”. Na avaliação de Dilma, nos momentos de crise pelo qual o Brasil passou, na história da democracia recente, foi com o presidencialismo que o país saiu das crises. “Foi sempre através do presidencialismo que o país conseguiu dar passos em direção à modernidade e à inclusão”.