Operação Carne Fraca preocupa consumidores
No último final de semana, não se falou em outro assunto que não fosse a chamada Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal, que investiga 40 empresas do setor alimentício envolvidas em um suposto esquema de corrupção. Carnes produzidas por frigoríficos eram liberadas para comercialização e consumo sem a devida fiscalização sanitária. Conforme o inquérito da PF, as carnes eram vendidas fora do prazo de validade, misturadas com papelão e até com substâncias cancerígenas.
Ontem, 19, o ministro da Agricultura Blairo Maggi convocou uma coletiva de imprensa em que criticou erros técnicos da operação da Polícia Federal. As declarações foram dadas depois do encontro que reuniu ministros, secretários, associações de produtores e exportadores e dos 33 embaixadores de países que mais importam carnes do Brasil.
De acordo com o advogado e professor de Direito Jorge Ulisses Jacoby Fernandes, a operação da PF mostra o quanto estamos reféns do primarismo analítico.
“O que estamos vendo são órgãos centrais de República se comportando de maneira absolutamente irresponsável, expondo um setor basilar do País ao achincalhamento mundial. Ora, sabemos o quão concorrido é o mercado de venda de carnes mundo afora e o quão impactante pode ser uma notícia com esse viés para a economia brasileira, gerando queda nas vendas e consequente desemprego e redução da arrecadação”, observa.
Irregularidades severamente apuradas
O professor alerta, no entanto, que não está defendendo a postura dos frigoríficos.
“Se há irregularidade, esta deve ser severamente apurada. O questionamento é acerca do estardalhaço feito via imprensa que em nada tem de produtivo para o Brasil. E o que mais entristece é vermos o alto escalão de organizações importantes fazendo coro ao famigerado – e desnecessário – senso comum difundido atualmente pelas redes sociais. O pensamento monofásico que acomete o País mostra que podre não é a carne que comemos, mas, sim, a falta de capacidade analítica da sociedade”, afirma.
Desse modo, o professor afirma que o Estado deve buscar, por ação regressiva, a responsabilidade daquele que, além de exercer o dever legal de apurar os fatos, excedeu e deu publicidade às acusações sem contraditório.