Renan Calheiros e a desinformação por trás do “fora Renan”
Nos últimos dias, com a eleição para presidentes da Câmara e do Senado em pauta, as redes sociais registraram hashtag de #forarenan, em uma referência ao senador alagoano Renan Calheiros (MDB).
Mas, quem são essas pessoas, e o que elas alegam para defender que o alagoano não deve ocupar espaço na presidência da Casa para a qual acaba de ser eleito para seu quarto mandato?
Para responder a essa questão, nossos repórteres entraram nos grupos de organização desse movimento para mostrar o que pensam os brasileiros dispostos a pressionar parlamentares nas redes.
A maioria dos grupos de Facebook onde a hashtag fora usada era de apoiadores do governo Bolsonaro e do seu filho, o senador Flavio Bolsonaro. Trabalhando ainda com a voracidade da campanha eleitoral, eles lembram que Renan defendeu a soltura do ex-presidente Lula, e alegam que, por isso, Renan estaria disposto a atrapalhar o governo.
No meio dos argumentos radicais, alguns internautas mais cautelosos chegaram a postar matérias de jornais que davam conta da preferência do mais importante integrante da equipe econômica palaciana, Paulo Guedes, a Renan Calheiros, por entender que ele é capaz de tocar as reformas. Mas as reações a essas informações eram muito discretas. Logo, foram atropeladas por memes que colocavam o temor de Jair Bolsonaro ter Renan no comando do Senado e alguns sites fakes dando a notícia de que Renan havia declarado minar os planos do governo.
Três pessoas integrantes de um dos grupos postaram notícias afirmando que Jair Bolsonaro declarou não pretender interferir nas eleições internas do Congresso, mas esses posts foram lidos por 15, 19 e 12 pessoas. Um número de interesse totalmente insignificante dada a quantidade de integrantes desses grupos repletos de memes com fotos de orgulhosos apoiadores da família presidencial.
Paralelamente aos grupos fechados, alguns internautas postaram cards do MBL contra Renan Calheiros. Nele, membros do movimento – que se dizia apartidário, mas que levou seus dirigentes a se tornarem candidatos nas últimas eleições -, afirmam que é uma questão de moralidade não permitir que Renan seja o presidente do Senado. Nesse caso, os comentários e os argumentos do movimento ignoram as notícias sobre absolvições do senador alagoano nos inquéritos que foram julgados. Omitem, ainda, o fato de ele sequer figurar na condição de réu, o que poderia interferir na linha de sucessão de presidente da República, uma vez que o STF entendeu que réus não poderiam ocupar o cargo.
Os apelos para que os integrantes do grupo pressionem e repitam o Fora Renan, em cerca de 50% das vezes são feitos concomitantemente à defesa ao voto aberto. Alegam que querem conhecer os votos dos senadores e deputados e tratam o caso como se fosse interesse do senador Renan Calheiros que não haja mudança, embora não haja na Web, e nem nos jornais, qualquer declaração do parlamentar sobre a posição pessoal em relação ao tema.
Dessa forma, embora sejam legítimas quaisquer manifestações democráticas, os argumentos que embasam o #forarenan carecem de informações verídicas sobre fatos políticos, bem como sobre a real condição do senador perante a Justiça. Além disso, o movimento tem como alicerce notícias falsas, com declarações e fatos atribuídos ao senador alagoano que não são encontrados nos registros de veículos de imprensa ou do Google.
Veja abaixo alguns dos fakes criados nas redes sociais para mobilizar o movimento contra Renan Calheiros, e os registros oficiais sobre as reais declarações do senador.
Fake news
O que Renan Calheiros realmente declarou :
Fake news
O que Renan realmente disse :
Fake news
O que Renan Calheiros realmente declarou sobre Moro :
É um absurdo que as pessoas divulguem fakenews sem qualquer punição. Eu frequentemente recebo frases do senador e do presidente Bolsonaro, que está claro que não foram ditas por eles. Precisamos urgentemente tomar providências para evitar essa disseminação de notícias falsas.