Brasília comemora 55 anos com festas e o desafio de conter a crescente violência urbana

Brasília comemorou nesta semana, dia 21, seus 55 anos de fundação com festas, que custaram aos bolsos da população local R$ 620 mil, e muitas declarações de amor a uma cidade com o título de “Patrimônio Cultural da Humanidade”,  concedido pela Unesco, pela a originalidade de seu conjunto arquitetônico e urbanístico. Mas, essa visão apaixonada pela cidade não é compartilhada por 80% de seus 2,8 milhões de habitante, que vivem em cidades da periferia ou simples aglomerados urbanos, quase favelas, com problemas como a falta de educação básica, saúde pública, saneamento e violência descontrolada. Para esses a Brasília admirada em todo o mundo e que detém a maior renda per capita do país, cerca de uS$ 15 mil, não passa de uma “ilha da fantasia”.

As comemorações foram marcadas pelas homenagens ao seu fundador,  o presidente Juscelino Kubistchek, e uma extensa programação de shows e eventos culturais. A festa realizada, na noite do dia 21, no espaço da Torre de TV teve a apresentação de artistas e cantores da MPB. As 12 mil pessoas reunidas no local, sendo a Polícia Militar, vibraram com a apresentação da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional ao executar músicas de interesse popular. No total foram realizados 57 eventos, em 27 locais diferentes para atingir também a população da periferia, que vivem nas chamadas cidades-satélites.

CIDADES-SATÉLITES

Apesar do seu trânsito caótico, por força do seu planejamento urbanístico e o título de patrimônio cultural mundial, o que deixa a cidade engessada impedindo qualquer alteração em seu traçado viário, Brasília é uma cidade que impacta pelos seus amplos jardins, muita arborização, grandes áreas de lazer, como o parque da Cidade e o Água Mineral, e uma arquitetura moderna, originada e produzida no escritório do arquiteto Oscar Niemeyer, cuja sede fica no Rio de Janeiro.

Essa Brasília, conhecida como “plano piloto”, tem a forma de grande avião, onde residem pouco mais de 600 mil habitantes. É uma das cidades que ocupam a área do Distrito Federal. As demais são as chamadas de cidades-satélites: Gama, Taguatinga, Brazlândia, Sobradinho, Sobradinho II, Planaltina, Paranoá, Núcleo Bandeirante, Ceilândia, Guará, Cruzeiro, Samambaia, Santa Maria, São Sebastião, Recanto das Emas, Riacho Fundo, Riacho Fundo II, Candangolândia, Águas Claras, Sudoeste/Octogonal, Varjão, Park Way, Setor Complementar de Indústria e Abastecimento (SIA), Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), Jardim Botânico, Itapoã e Vicente Pires.

A mais antiga das regiões administrativas é Planaltina. Sua povoação remonta ao começo do século 19. Transformada em município em 1859, passou a ser cidade-satélite em 1960, com a inauguração de Brasília. Acampamentos de operários da construção de Brasília, que se formaram a partir de 1956, deram origem à Candangolândia e ao Núcleo Bandeirante. Taguatinga e Cruzeiro foram fundadas, respectivamente, em 1958 e 1959.

Brasília tornou-se rapidamente destino dos brasileiros em busca de uma vida melhor, atraídos por melhores empregos e habitação barata prometida por governantes populistas e interesses eleitoreiros. Com o inchaço populacional proliferou na periferia grandes concentrações de áreas com população de baixa renda. O turista que se dirige à cidade de carro, percebe logo isso nas imediações da cidade. A situação se torna mais grave pela presença das chamadas cidades do entorno, especialmente no estado de Goiás. São cidades dormitórios com elevado índice de criminalidade e baixa qualidade em serviços públicos.

A cidade por ser capital federal possui a mais moderna frota de veículos de fiscalização de trânsito e segurança pública do país e, também, proporcionalmente a maior quantidade de homens policiais civis e militares nas ruas, que recebem os salários mais altos do país, comparativamente aos pagos em outros estados, apesar da concentração se dar principalmente no plano piloto, mas isso não tem sido suficiente para conter a crescente violência na cidade, com casos de roubo de veículos, ataques à caixas eletrônicos, estupros, sequestros relâmpagos e assaltos à residências, especialmente nos Lagos Norte e Sul.

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