Dom Hélder deve ser reconhecido santo por Papa Francisco, a quem guarda muitas semelhanças

Por José Fernandes Neto

Voz do povo, voz de Deus. A voz do povo já consagrou Dom Helder Câmara como Santo, mesmo antes de sua canonização. No último dia 8 de abril, a Arquidiocese de Olinda e Recife recebeu do Vaticano a autorização para iniciar o processo de beatificação de Dom Hélder, que deve levar ao reconhecimento pela Igreja Católica de sua santidade.

Homem das bem aventuranças, um grande líder, um orador excepcional, capaz de arrebatar multidões Dom Helder dedicou toda a sua vida aos pobres, aos marginalizados, aos humildes, aos sem vez e aos sem voz.

Ordenado padre aos 22 anos de idade, dotado de uma inteligência extraordinária, homem incansável e de grande dinamismo, bem jovem já demonstrava grande capacidade de liderança.

Dom Helder sempre foi um homem de oração e de realizações.  Na década de 30 do século passado, Dom Helder já realizava o que o Papa Francisco pede hoje: uma Igreja que vá às periferias geográficas e às periferias existenciais. 

Inicia sua trajetória de vida na pobreza nordestina do Ceará, transferido para a antiga capital federal, organizou no Rio de Janeiro o Congresso Eucarístico Nacional e o Banco da Providência e tornou-se uma figura conhecida em todo o Brasil.

Foi convidado a ser candidato a Presidente da República, mas rechaçou, pois afirmava que o Bispo era de todos e não poderia ter um partido nem pertencer a uma facção política.

Foi Secretário-Geral e fundador da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Arcebispo de Olinda e Recife e fundador das Comunidades Eclesiais de Base.

Sabia ouvir o povo e trabalhar para o povo, e estimulava cada um a dar o que tinha de melhor em benefício dos mais pobres e desemparados, na luta contra a fome e a miséria e em prol dos Direitos Humanos, lembrando que Deus não aprova as injustiças.

Defendia um processo de combate às desigualdades sociais, sem ódio nem a violência, para que os oprimidos de ontem não se tornassem os opressores de hoje.

Seu maior compromisso de vida era com o Evangelho de Jesus Cristo, cumprindo o mandamento de amar a Deus e aos irmãos, com opção preferencial pelos mais pobres, sem nunca desprezar nem rejeitar ninguém, como sempre afirmava: “não há pobre, tão pobre, que não possa dar nem rico, tão rico, que não possa receber”.

Respeitado no mundo inteiro como um grande pensador, como intelectual, homem de ação e de oração, Dom Helder era um comunicador extraordinário, capaz de encantar plateias na Europa, no Brasil e no mundo inteiro com sua forma direta e inconfundível de transmitir suas mensagens de paz, de amor e de compromisso com o Evangelho de Jesus Cristo.

Pedia a Deus que lhe concedesse a graça de “querer sempre o seu querer e de preferir sempre as suas preferências”, sem julgar nem discriminar ninguém, lembrando que todos somos irmãos e filhos do mesmo Deus.

Costumava citar o personagem bíblico Zaqueu, um rico cobrador de impostos, conhecido como desonesto, e que foi convertido com a presença de Jesus Cristo em sua casa.

Quando jovem padre, Dom Helder costumava zombar de Zaqueu, dizendo: mas Zaqueu, você tem a coragem de dizer ao Cristo: Senhor, se eu enganei alguém. Afirmava: “Hoje, não mais critico Zaqueu, pois é muito mais fácil ver os erros dos outros do que os seus próprios erros”.

Entusiasta do ecumenismo e membro ativo da família abraâmica, formada por judeus, cristãos e muçulmanos, Dom Helder lembrava que, apesar das diferenças, temos em comum: o mesmo Deus, o mesmo Pai e o mesmo Profeta.

Não guardava mágoa nem ressentimentos das perseguições sofridas no tempo regime militar. Afirmava que Deus lhe deu a graça de não guardar ódio nem rancor em seu coração.

Tinha uma afeição especial pela juventude, pois se considerava um jovem de coração, sempre disposto a arregaçar as mangas para por em prática os ensinamentos de Jesus Cristo.

Dom Helder era o homem da misericórdia, da concórdia, da humildade, um bom samaritano, que dispensava mordomias e morava num quartinho muito modesto, como Arcebispo de Olinda e Recife.

Um dos seus biógrafos afirmou que não conseguia entender como um mediático, com grande exposição nos meios de comunicação, podia ser tão humilde e sem vaidade.

Tinha grande senso de humor e até contava piadas sobre si mesmo. Uma delas: ao morrer Dom Helder foi recebido com boas vindas por São Pedro e convidado a entrar, mas continuava fora, enquanto muitas pessoas eram barradas na entrada. Após certo tempo, São Pedro pergunta: Dom Helder, estamos aguardando sua entrada e ele responde: e onde está a imprensa?

Dom Helder fez em vida tudo aquilo que o Papa Francisco pede à Igreja: uma Igreja pobre, voltada para os pobres, que sai do comodismo em busca das ovelhas perdidas e dos sofredores.

São muitas as semelhanças entre o Papa Francisco, Dom Helder Câmara, São Francisco de Assis.

Neste momento em que o Brasil enfrenta uma grave crise moral,  mais do que nunca, necessitamos do exemplo e da proteção do Santo Homem de Deus Helder Câmara, para sair do processo de degradação em que se encontra.

Dom Helder Câmara, rogai por nós pecadores!

 

José Fernandes Neto é economista e consultor legislativo aposentado do Senado Federal

Redação Brasil News

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