Para advogado, Brasil criminaliza a riqueza
O criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, advogado de 11 políticos e empresários investigados na operação Lava Jato, acredita que o Brasil vive “sem a menor dúvida” um momento de “criminalização da riqueza”, em que a Justiça tenta a “qualquer custo jogar a sociedade contra quem tem algum tipo de poder”. As afirmações foram feitas ao site UOL.
Em entrevista por telefone, ele criticou uma “antecipação de culpa dos investigados” e ainda lembrou-se do dia em que se formou pela Universidade de Brasília (UnB), em 1981, quando não imaginava reunir em seu currículo três ex-presidentes, 70 governadores, dezenas de ministros e “quase todos os maiores empresários brasileiros”.
“Fui orador e 70% da minha fala foi sobre pessoas em presídios”, disse. Na época, contou, criticou a situação de “pretos, pobres e prostitutas” mantidos presos sem julgamento ou depois de já terem cumprido pena.
O atual responsável pelas defesas de Edison Lobão (PMDB-MA), Roseana Sarney (PMDB-MA), Aécio Neves (PSDB-MG), Romero Jucá (PMDB-RR), Ciro Nogueira (PP-PI) e “outros que prefiro não falar”, todos citados por envolvimento no esquema de corrupção naPetrobras, critica as delações premiadas e atribui apostos como “contramão dos direitos constitucionais de qualquer pais democrático”, “caça às bruxas” e “obscurantismo” à Justiça brasileira.
“Seus clientes são todos inocentes?”, perguntou a reportagem ao advogado. “Não tenho a menor dúvida”, afirmou. “Estão todos soltos e por isso estou em Paris”, completou.
Kakay disse ainda que faz 25 palestras por ano e costuma discutir a postura de promotores e policiais, que confundiriam advogado e cliente.
Ele exemplificou: “Veja bem, eu hoje mandei um torpedo para o pessoal do meu escritório e pedi para me mandarem um telefone fixo. Por quê? Porque meu plano em Paris diz que de fixo a fixo é de graça. No entanto, na visão medíocre e mesquinha desses tiras hermeneutas, que são os policiais que ficam ouvindo frequentemente as pessoas, e de parte do MP, que tem uma visão tacanha, eles já falam: ‘Pede para falar no fixo porque vai tratar de algo criminoso’.”