Para Cortar gastos, Famílias continuarão consumindo menos

O chamado “ajuste fiscal” virou realidade nos lares brasileiros. Isso é um fato. Por isso, os consumidores apertaram os cintos em 2015 e, agora, a tendência é continuar cortando gastos e evitando dívidas. A opinião é de especialistas, segundo a agência Estado.

“As contas de consumo aumentam, a alimentação aumenta, a pensão dos filhos também precisa ser reajustada todo ano. Ainda estou às voltas com as dívidas da obra, então tenho de segurar mais (os gastos)”, disse o carioca Affonso Nunes, 49 anos.

Com o apartamento em reforma, ele decidiu abandonar antigos hábitos e substituiu o ar-condicionado pelo ventilador, por exemplo.

“Quando entrou a bandeira vermelha, a conta subiu para R$ 400. Comprei um grande circulador de ar e passei a programar o ar-condicionado para que desligasse uma ou duas horas depois de dormir. Consegui diminuir a conta quase pela metade”, afirmou.

Poupança

No ano passado, segundo pesquisa do Instituto Data Popular, 91% dos consumidores disseram ter reduzido os gastos em relação a 2014. Só que, para parte deles, a medida não foi suficiente. Mesmo com o corte de despesas, 15,7% afirmaram em janeiro de 2016 que usaram recursos da poupança para cobrir custos correntes, maior porcentual em mais de dez anos de Sondagem do Consumidor da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Por isso, a poupança teve um saque líquido (o quanto as retiradas superaram os depósitos) recorde de nada menos do que R$ 53,57 bilhões em 2015.

De acordo com o superintendente adjunto de Ciclos Econômicos da FGV, Aloisio Campelo, o avanço do indicador de uso da poupança foi surpreendente a partir de janeiro de 2014.

“Em 2015, a proporção ultrapassou os 10% e foi gradualmente atingindo novos recordes. Em novembro e dezembro houve alguma acomodação, mas, como a situação financeira das famílias continua piorando, temos de esperar um pouco para confirmar uma mudança de tendência”, apontou.

Na avaliação do especialista em finanças pessoais Roberto Zentgraf, professor do Ibmec e da FGV, a queda no consumo é uma tendência

“As pessoas não estão encontrando uma forma de aumentar a receita. Pelo contrário, tem consultor sem consultoria para prestar, professor sem aula para dar. Então, as famílias têm mesmo de fazer um ajuste fiscal.”

Para resolver o problema, destaca o especialista, a solução é cortar supérfluos e revisar despesas desnecessárias antes de sacrificar o bem-estar.

“As contas têm de ser pagas em dia, não tem por que pagar 10% de multa. Elimine aquela academia de ginástica que você não frequenta nunca. Não pague um pacote com 200 canais de TV por assinatura se você só assiste aos mesmos quatro canais”,exemplificou.

Redação Brasil News

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