Para Organização Mundial da Saúde, cesáreas viraram "epidemia" e Brasil é o campeão mundial de abuso
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou, nesta sexta-feira (11). que as cesáreas sejam realizadas apenas quando forem “medicalmente necessárias”. Há consenso na medicina de que o parto normal é menos arriscado para a mãe e o bebê do que uma cesárea, recomendada só quando há complicações.
O Brasil foi apresentado como campeão do mundo em exemplo negativo de país onde existe a cultura da cesárea.
Para a diretora do Departamento de Saúde e Pesquisas da OMS, Marleen Temmerman, o abuso das cesáreas acontecem porque os médicos quererem simplificar a própria vida, marcando data e hora para partos.
As conclusões foram publicadas como recomendações da OMS em relação ao parto saudável. Pela primeira vez, a organização recomendou claramente a prática de cesariana somente por razões médicas. Até então, a entidade das Nações Unidas apenas indicava que o índice ideal de cesáreas deveria estar entre 10 a 15% dos partos.
De acordo com a OMS, a cesariana é necessária quando o parto vaginal coloca em risco a vida da mãe e do bebê, como em casos de trabalho de parto prolongado, sofrimento fetal ou quando o bebê está em uma posição pouco comum. Em outros casos, a cirurgia pode ser provocar complicações desnecessárias, que poderiam ser evitadas pelo parto normal, principalmente quando não há instalações adequadas para os procedimentos cirúrgicos de forma segura ou para tratar possíveis complicações.
Diante da ausência de um sistema de classificação internacionalmente aceito para monitorar e comparar dados relativos a cesarianas, a OMS defende que seja adotado o Sistema Robson, que classifica mulheres internadas para parto em grupos baseados em características como número de gestações anteriores, posição do bebê, idade gestacional, cicatrizes uterinas e número de bebês.