Ilana Trombka comemora coleção que resgata escritoras brasileiras
“Já foram dois livros lançados em menos de um ano, e o Senado Federal prepara o terceiro volume da Coleção Escritoras do Brasil, a ser lançado na Feira do Livro de Porto Alegre, em novembro”. O lembrete, na forma de convite para o próximo evento, é da diretora-geral do Senado, Ilana Trombka. Ela se refere à coleção que foi criada pelo Senado para dar visibilidade a mulheres de grande importância às letras e à intelectualidade nacional e que, no entanto, acabaram esquecidas em alguma prateleira da memória do país.
Na opinião de Ilana Trombka, a iniciativa “mostra a determinação e a responsabilidade social desta Casa em fazer com que o talento dessas mulheres seja, ainda que que com atraso, reconhecido”.
As homenagens feitas por Ilana Trombka
A primeira homenageada foi a jornalista, escritora e feminista Josefina Álvares de Azevedo (1851-1913). Dela, foi reeditada a obra Mulher Moderna, de 1891, uma coletânea de textos em que a autora defende, entre outros direitos, o voto feminino, algo que só seria conquistado quatro décadas mais tarde. Irmã do escritor – este sim, bastante conhecido – Álvares de Azevedo, Josefina pregava a educação como ferramenta essencial para a emancipação da mulher.
Ilana Trombka acredita que a obra de Josefina Álvares de Azevedo dialoga perfeitamente com os dias de hoje.
— O texto é bastante atual e mostra que a ideia dessa coleção, iniciativa da Biblioteca, infelizmente representa a realidade da nossa sociedade. Representa o que grande parte da nossa sociedade não acredita ser possível à mulher. Mas felizmente não é a maior parte da sociedade. E felizmente essa parte menor está errada.
O segundo volume da Coleção foi lançado dias atrás, durante a Bienal do Rio. Ânsia Eterna, de de Júlia Lopes de Almeida (1862-1934), é um livro de contos lançado originalmente em 1903. O neto da contista e romancista, Cláudio Lopes, que esteve presente ao lançamento, a avó, conhecida como uma das mães da Academia Brasileira de Letras, não foi autorizada a ocupar uma das cadeiras da ABL, em 1897. Ele discorda, no entanto, da tese de que o marido de Júlia, Filinto de Almeida, ocupou a cadeira em nome da esposa. Para ele, a negativa à avó foi uma injustiça, e aconteceu porque a Academia não aceitava a inclusão de mulheres em suas fileiras – a primeira a ser eleita para a ABL foi Rachel de Queiroz, em 1977 -, mas o avô, intelectual e jornalista, mereceu aquela cadeira.
Ilana Trombka reforça o sentido do reconhecimento e justiça que o Senado vem dando ao reeditar obras como a de Júlia Lopes de Almeida: “Foi um enorme prazer estar na Bienal do Rio e lançar o livro Ânsia Eterna de Júlia Lopes de Almeida. A obra é de uma qualidade impressionante e poder trazer à luz todo o talento dessa incrível escritora é uma alegria. Impressionante, também, pensar que Júlia Lopes de Almeida não foi aceita na ABL apenas por ser mulher”.
Agora, a Casa prepara o próximo título da coleção: Opúsculo Humanitário, uma peça em defesa da emancipação feminina, escrita pela educadora, escritora e poetisa potiguar Nísia Floresta (1810-1885). Nísia marcou sua vida de muitas formas, desde sua separação do marido, inédita no Rio Grande do Norte do século 19, passando pela criação de escola para mulheres que tinha como base princípios de equidade, até sua relação intelectual com Augusto Comte, formulador da doutrina positivista, já na França, onde morreu.
O lançamento de Opúsculo Humanitário, terceiro volume da Coleção escritoras do Brasil, acontece no dia 11 de novembro, durante a Feira do Livro de Porto Alegre, no Centro Cultural Érico Veríssimo, na capital gaúcha. Os volumes já lançados da Coleção podem ser baixados gratuitamente por meio da Livraria do Senado.
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Cumprimento efusivamente Ilana Trombka pela brilhante iniciativa de organizar a Coleção de Resgate de Escritoras Brasileiras.
Com certeza, Júlia Lopes de Almeida, Josefina Álvares de Azevedo e Nísia Floresta merecem o privilégio de dar inicio a essa coleção. Parabéns a todos os envolvidos no resgate de reedição.