Depois de romper com Governo e ser apontado na Operação Lava Jato, Cunha acredita que Janot vai pedir seu afastamento da presidência da Câmara

O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) diz estar convencido de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, irá requerer ao STF o seu afastamento cautelar do cargo de presidente da Câmara. Ontem, parlamentar declarou seu rompimento com o Palácio do Planalto, depois de ser acusado de receber propina no valor de US$ 5 milhões na Operação Lava Jato.

De acordo com o site UOL, Cunha revela que se equipa para enfrentar a acusação de que usa o posto para atrapalhar as investigações e constranger testemunhas. Na avaliação do presidente da Câmara, o doleiro Alberto Youssef forneceu matéria-prima para a petição de Janot. Em depoimento ao juiz da Lava Jato, Sérgio Moro, o delator afirmou:

“Eu venho sofrendo intimidação perante as minhas filhas e a minha ex-esposa por uma CPI coordenada por alguns políticos. […] Como réu colaborador, quero deixar claro que eu estou sendo intimidado pela CPI da Petrobras, por um deputado pau mandado do senhor Eduardo Cunha.”

Embora não tenha dado nome ao “pau mandado”, Youssef teria se referido ao deputado Celso Pansera (PMDB-RJ). Aliado de Cunha, ele requereu na CPI a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de duas filhas e da ex-mulher do doleiro. Acionado, o STF suspendeu a decisão. Mas a CPI tornou a aprovar.

Propina

Cunha foi citado pelo delator na Operação Lava Jato, o ex-consultor da Toyo Setal Júlio Camargo, em depoimento ao juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba. Segundo Camargo, o presidente da Câmara pediu US$5 milhões de dólares em propina para que um contrato de navios-sondas da Petrobras fosse viabilizado.

No depoimento, Camargo disse que encontrou pessoalmente com Cunha, em reunião que envolveu também o lobista Fernando Soares, conhecido como “Fernando Baiano”, um dos presos da Lava Jato.

Rompimento

Ontem, a poucas horas de pronunciamento em cadeia nacional de TV, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) anunciou rompimento com o governo e disse que, como político, vai tentar no Congresso do PMDB, em setembro, convencer a legenda a seguir o mesmo caminho.

“Eu vou pregar no congresso do PMDB, em setembro, que o PMDB rompa com o governo. Saia do governo. E eu, a partir de hoje, me considero em rompimento pessoal com o governo. Não há possibilidade de eu, como deputado do PMDB, que o meu partido faça parte de um governo que quer arrastar para a lama dele todos aqueles que podem por ventura, na sua associação, ajudar a protegê-los”, disse Cunha. Ele estava acompanhado do deputado André Moura (PSC-SE) durante a entrevista.

Redação Brasil News

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