Após fala de Levy sobre Imposto de Renda, Temer volta atrás e critica Cide
Durante esta terça-feira (8), o vice-presidente Michel Temer ensaiou defender o aumento da Cide, tributo que incide sobre a gasolina, como solução possível diante da crise fiscal. Elogiou o artigo publicado por Delfim Netto que avaliza o aumento da contribuição. No entanto, Temer voltou atrás na defesa, logo após o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, em Paris, afirmar que o Brasil é um dos países da OCDE onde menos se paga imposto de renda. A declaração provocou ira coletiva.
Michel Temer (PMDB), avaliou que o primeiro passo para equilibrar as contas é o corte de despesas. “As pessoas não querem em geral aumento de tributo. Tenho sustentado exatamente o corte de despesas; isso que a sociedade quer”, afirmou Temer. Para ele, “aumento de impostos só em última hipótese; última hipótese descartável desde já”.
Temer contrariou a fala da presidente Dilma Rousseff, de que seriam necessários remédios amargos para combater a crise. “Temos que evitar remédios amargos e, se for possível simplesmente cortar despesas, a tendência é essa”, destacou, ao sair de um encontro com governadores, ministros e lideranças do PMDB no Palácio do Jaburu. “Vou ouvir governadores do PMDB e trarei sugestões para a presidente”, completou.
No encontro, mesmo com o apelo de governadores para aumentar impostos, ou mesmo a recriação da CPMF, Temer garantiu que qualquer solução nesse sentido virá do governo.
Oficialmente fora da articulação política, Temer esteve ontem com a presidente Dilma e há rumores de que ela tenha pedido a ele para “afinar o discurso com a base aliada e evitar a aprovação das chamadas pautas-bomba na Câmara”.
Temer, porém, nega qualquer tipo de articulação. “Estou fazendo a macrocoordenação. Não faço mais varejo. Quando há necessidade, a presidente me chama. Eu voltei apenas para essa macropolítica e nada mais do que isso”, garantiu.
Aumento no IR de pessoa física
De acordo com o jornal Valor Econômico, “há muito se discute no governo a criação de nova faixa de tributação no IR Pessoa Física (IRPF) de 35%”. Desta vez, a mudança poderia somar mais R$7 bilhões ao Tesouro. Hoje, a alíquota máxima do IR de pessoa física é de 27,5% para salários acima de R$ 4,6 mil por mês.
Após o encontro da coordenação política na manhã de ontem, o ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, ressaltou, novamente, a busca de soluções para a crise econômica por parte do governo. No entanto, deixou claro que a preocupação maior é evitar mais um desgaste de imagem. “Não queremos apresentar proposta a priori e depois observar reações. Queremos construir junto com a sociedade alternativas para construir superávit em 2016”, ressaltou Berzoini.