Cenário político continua conturbado este ano, apontam analistas
Segundo especialistas ouvidos pelo Estado de S. Paulo, o cenário político brasileiro para este ano tem apenas duas certezas: as instituições estão funcionando e a crise que ameaça os mandatos da presidente Dilma Rousseff e do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), não arrefecerá.
Segundo Marcos Nobre, cientista social, filósofo e professor da Unicamp, por exemplo, as possibilidades geradas pela crise “estão abertas”.
“Ainda não temos um sinal claro sobre onde vai parar essa crise política, se esse processo todo vai se transformar em avanço institucional. Pode sair uma política diferente, boa, ou a gente pode ter coisas piores.” Segundo ele, 2017 e 2018 serão anos muito ricos para a política. “Em 2016, os pactos ainda vão ser provisórios. Pode ser que a lista de implicados na Lava Jato chegue a um quinto do Congresso Nacional. Nós vamos passar mais uns dois anos de crise permanente, de instabilidade duradoura. Cabe à sociedade fazer uma nova cultura política, diferente do que funcionou até agora”, aponta Nobre.
“A crise política pode representar um ganho para a oposição no sentido de que o PT está chamuscado eleitoralmente. Para 2018, a chance de o PT ganhar a Presidência é zero. Na eleição de 2016, para prefeito, o PT não vai eleger nem síndico no prédio do Lula”, salienta Fernando Limongi, cientista político e professor da USP.
Para a professora titular de ciência política da USP Maria Hermínia Tavares de Almeida, o que ocorreu neste ano, com todas as prisões e revelações da Operação Lava-Jato, “é uma prova de que as instituições aguentaram de forma profunda”.
O problema, destaca a especialista, “é econômico e político”. “A política dificulta a solução da economia. Mas as instituições estão funcionando, os atores estão jogando dentro das regras institucionais.”