Em delação, Cerveró diz que campanha de Jaques Wagner teria sido paga com dinheiro da Petrobras em 2006
O ex-diretor de Internacional da Petrobras Nestor Cerveró disse, durante delação, que o atual ministro-chefe da Casa Civil do governo Dilma Rousseff, Jaques Wagner (PT), recebeu “um grande aporte de recursos” para sua campanha ao governo do Estado da Bahia, em 2006, da Petrobras. Segundo Cerveró, o dinheiro teria sido “dirigido” pelo então presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli. As informações são do Valor Econômico.
Segundo o jornal, as declarações de Cerveró constam de um conjunto de documentos apreendidos pela Polícia Federal (PF) no gabinete do senador Delcídio Amaral (PT-MS) no dia 25 de novembro.
Cerveró afirmou, em um dos anexos, que o suposto caixa dois para a campanha de Wagner teria origem em uma operação atribuída a Gabrielli, de realocação do setor financeiro da Petrobras, então localizado no Rio, para Salvador. Vale lembrar que o atual chefe da Casa Civil foi eleito no segundo turno no estado.
“Nessa época, o presidente Gabrielli decidiu realocar a parte operacional da parte financeira para Salvador, sem haver nenhuma justificativa, pois havia espaço para referida área no Rio de Janeiro”, destacou Cerveró.
O ex-diretor salientou ainda que “grande quantidade de recursos” supostamente destinada à campanha eleitoral de Wagner em 2006 “veio de operações de trading que Gabrielli e [José Eduardo] Dutra controlavam”.
A a assessoria de imprensa do ministro Jaques Wagner não teria respondido às acusações até o fechamento da edição do Valor Econômico.
Em nota, Gabrielli, porém, repudiou “mais uma vez, o método utilizado para obtenção e o conteúdo das acusações levantadas através de vazamentos seletivos de delações premiadas”.
“O trecho citado no vazamento da delação, de posse do jornal e sem que eu tenha tido acesso a ela, fala de pessoas já falecidas, como a ex-ouvidora geral da Petrobras e do meu ex-chefe de gabinete, que nega a informação veiculada”, aponta Gabrielli. “Nem há uma acusação explícita, até pelo próprio delator, segundo a parte do material a que o jornal se refere, sobre minha participação direta nos pretensos fatos delatados”, completou o ex-presidente da Petrobras em nota.