Diretor da OCDE afirma que investimento em educação no Brasil é baixo e ineficiente
Em entrevista concedida ao jornal Folha de S. Paulo, Andreas Schleicher, diretor do departamento educacional da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico – OCDE, afirma que o Brasil investe com pouca eficiência em seu sistema educacional. Ele explica que, apesar de os valores dos investimentos serem altos, ainda não há um reflexo claro na melhoria da qualidade.
O diretor da OCDE destaca a necessidade de se investir nas áreas que promovam o desenvolvimento do setor educacional.
“Mesmo quando o gasto médio parece adequado, isso não significa automaticamente que o dinheiro é empregado onde ele pode fazer maior diferença. A chave é priorizar o gasto de forma que ele possa aumentar a qualidade do magistério, casar recursos com necessidade”, explica Schleicher.
Ainda é apontada na entrevista a necessidade de estimular os alunos em relação aos resultados positivos do estudo em suas vidas.
“Os sistemas ibero-americanos precisam aumentar as expectativas dos alunos sobre seu bem-estar e suas perspectivas futuras. As escolas podem ajudar fornecendo aconselhamento acadêmico e profissional para todos os alunos”, destaca o diretor da ODCE.
Segundo o advogado e professor de Direito Jorge Ulisses Jacoby Fernandes, a chave para o desenvolvimento nacional passa necessariamente pela educação.
“Como ficou demonstrado na fala do diretor da OCDE, muitas vezes o problema brasileiro está mais relacionado com a forma de aplicar os recursos públicos que com a sua falta ou inexistência. O Brasil padece de uma falta de visão estratégica na aplicação das verbas existentes”, observa.
Para o professor, a partir de exemplos de países que possuem realidade similar à nossa e que apresentam resultados mais expressivos na educação, poderá ser possível construir um modelo que consiga suprir com maior eficiência as necessidades dos estudantes e futuros profissionais brasileiros.
Segurança e corrupção
O sociólogo Ariel Ávila, à frente da Fundação Paz e Reconciliação, em Bogotá, também emitiu uma opinião sobre o Brasil. Segundo o especialista, o modelo institucional de segurança pública do Brasil está mais suscetível à corrupção do que os de outros países. Com várias polícias estaduais em vez de uma nacional, fica mais difícil combater a corrupção nesses órgãos.
Para Ávila, o Brasil é um caso intrigante porque mesmo nos períodos em que reduziu a pobreza não foi capaz de diminuir os índices de homicídio.
“O Brasil é um dos países mais violentos da América Latina, atrás até mesmo da Colômbia e do México”, diz, ao alertar para a necessidade de políticas de prevenção. “Hoje não vejo no Brasil medidas de prevenção”.