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Incêndios na Amazônia clareiam até o céu noturno

Nos últimos sete dias, a agência Reuters percorreu diversas vezes um trecho de 30 quilômetros de Humaitá a Labrea, ao longo da Rodovia Transamazônica, na Amazônia, e observou um grande corredor de chamas abrir a floresta.

Inicialmente, na quarta-feira da semana passada (14), o incêndio arrasador estava a alguns metros da rodovia, e suas chamas amarelas devoravam árvores e iluminavam o céu. Ao chegar o final de semana, o incêndio havia recuado, mas ainda emitia um brilho laranja.

O incêndio é só um dos milhares que dizimam atualmente a Amazônia: hoje, a maior floresta tropical do mundo e um marco da defesa contra a mudança climática.

Os incêndios florestais já aumentaram 83% neste ano na comparação com o mesmo período de 2018, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

A agência governamental computou 72.843 incêndios, o número mais alto desde que os registros começaram, em 2013. Mais de 9.500 foram flagrados por satélites só no período transcorrido desde a quinta-feira passada (15).

Nesta quarta-feira (21), o presidente Jair Bolsonaro (PSL-RJ) enfureceu ambientalistas com alegações, sem provas, de que organizações não-governamentais estão por trás das queimadas. Seria, segundo ele, uma reação ao corte de financiamento.

A revolta global agitou as redes sociais, e a hashtag #PrayforAmazonas foi o principal tópico do mundo no Twitter na quarta-feira.

A Reuters observou colunas de fumaça emanando da floresta e chegando a dezenas de metros de altura durante uma viagem de final de semana ao sul do Amazonas e ao norte de Rondônia.

“Tudo que você vê é fumaça”, disse Thiago Parintintin, de 22 anos, que mora em uma reserva indígena a pouca distância da Transamazônica, apontando para o horizonte.

Um caminhão amarelo com o logotipo dos bombeiros encarregados de combater incêndios florestais acabava de passar.

Para Parintintin, os incêndios e perda incalculável de fauna e flora na Amazônia são culpa do desenvolvimento crescente da região, a partir da chegada da agricultura e do desmatamento, que resultam na elevação das temperaturas durante a estação seca.

Do céu, os incêndios variam de pequenos focos a conflagrações maiores do que um campo de futebol. Às vezes, a fumaça é tão espessa que a própria floresta parece ter desaparecido.

Incêndios vistos do espaço

Em 11 de agosto, a Nasa mostrou que os incêndios eram tão grandes que podiam ser vistos do espaço. Não se sabe, ao certo, o tamanho das queimadas, mas elas se espalham pelos estados que compreendem a floresta na região Norte e Centro-Oeste do Brasil.

Na avaliação do professor do Departamento de Ciências Ambientais do Instituto de Florestas da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Jerônimo Sansevero, a situação é alarmante. “Estamos tendo uma perda irreparável. Nunca tivemos uma perda tão alta nas últimas três décadas”, afirmou.

Especialista em restauração ambiental, Sansevero explica que a chance de recuperação da área desmatada depende, primeiro, do tamanho do impacto causado na vegetação original.

E compara à superação de um trauma para o ser humano. “Alguns traumas a gente consegue superar, mas outros têm um impacto tão grande que você não consegue voltar ao que era antes.”

Da Redação, com agência Reuters e BBC

Redação Brasil News

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