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Queria ter o nome lembrado, mas vai ser conhecido como «copiloto »; Por Pierre Pichoff

“Um dia eu farei algo que mudará o sistema, e então todos saberão meu nome e se lembrarão dele.”

Por essa razão, não será citado o nome de copiloto que matou, no último 23 de março, 149 pessoas inocentes e condenou suas famílias a conviverem com a dor infinita de perder um ente querido numa tragédia.

A historia de um homem que queria ser famoso, mas era tristemente doente. Doente em saber que ele nunca poderia realizar o seu sonho, de ser capitão em voos internacionais pela companhia Lufthansa, empresa controladora da companhia aérea low-cost em que ele trabalhava.

Um doente que recebeu numerosos atestados médicos, proibindo-o de trabalhar e prescrevendo medicamentos. Os médicos, seus pais e sua ex-namorada sabiam de seu estado, mas preferiram fechar os olhos, inconscientemente ou não, talvez pelo fato de o afeto turvar a realidade. E o copiloto continuou a voar com a responsabilidade, em suas mãos, de dezenas de vidas a cada uma de suas empreitadas.

Se o ato de suicidar-se já é visto como um ato covarde, o ato de assassinar pessoas que não tinham como defender-se não há como adjetivar. Todas as palavras parecem modestas demais para a crueldade do copiloto.

O acidente

As 10h29 do dia 23 de março de 2015, o avião estava na sua altitude de cruzeiro voando a 11.600 metros de altitude. Foi a hora que o capitão escolheu para se levantar da cadeira e ir ao banheiro, fora do cabine.

Nesse exato momento, o copiloto começou a descer o avião propositalmente. O capitão desesperadamente voltar à cabine. Após ter batido e perguntado o que estava acontecendo, ele tentou abrir com um machado, mas não conseguiu.

Onze minutos depois, as 10h41 o avião bateu na montanha dos Alpes Franceses. A caixa preta permitiu verificar que a respiração do copiloto era normal, durante todo o processo, o que significa que ele não tinha sofrido de um infarto ou AVC.

Os culpados?

Desde o acidente, a casa dos pais do copiloto está sob constante vigilância policial, e por uma boa razão, os pais e toda a família sabiam da grave depressão que ele estava sofrendo.

As famílias dos desaparecidos gostariam de pedir contas. Tantas perguntas a fazer, mas a principal: Como vocês deixaram que um doente  incapacitado de atividades normais continuassem com responsabilidades que colocassem em risco a vida de terceiros?

A companhia aérea também terá que responder por seus atos. Ela também estava ciente da depressão do jovem, já que em 2009 ele tinha tido problemas semelhantes.

Por que não vamos lembrar o nome do copiloto?

Este jovem não gostava de voar. Quem gosta de voar, sabe disso.

Esse kamikaze tinha licença para ser copiloto num A320, mas era a única coisa que ele tinha para si mesmo.

As mais profundas condolências às famílias das vítimas, para o mundo da aviação, bem como para aqueles que se sentiram tocados por esta história.

Eles voaram pela ultima vez neste dia de março. 149 almas perante o Senhor, e uma outra que se perdeu. Ele terá muito tempo para pensar sobre o preço da intocável « fama ».

Pierre Pichoff

Escritor, colabora para diversos veículos de comunicação no Brasil, como O Estado do Maranhão e o Matheus Leitão News.

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Pierre Pichoff

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