Lava Jato : Capoteiro de Minas Gerais é chamado a depor por engano

“Uai, eu fiquei meio assim, falei: será que usaram meu nome nesse trem? Eu nunca me envolvi com nada errado. De uma hora pra outra aparece negócio de Lava Jato, coisa que eu vejo falar na televisão”, afirmou o capoteiro Jorge Washington Blanco, confundido com um funcionário do funcionário Banco Schahin na operação Lava Jato. Ele chegou a iniciar um depoimento, por meio de teleconferência, ao juiz federal Sergio Moro, em Belo Horizonte. A sessão só foi interrompida após perceberem o engano.

Ainda que estranhando a situação, Jorge Blanco não deixou nenhuma pergunta em branco. Respondeu a todas. A primeira foi do Ministério Público Federal. O procurador Diogo Castor de Mattos questionou: “O senhor pode esclarecer sua atividade profissional durante o ano de 2009?”. “Eu sou capoteiro”, disse Jorge Blanco.

“Capoteiro? O sr trabalhou durante algum período no Banco Schahin?”, perguntou o procurador. “Não”, disse o capoteiro. “O sr esteve alguma vez com Jorge Luiz Zelada?”. “Não conheço”, destacou Blanco. “Sem mais perguntas, Excelência”, completou Castor.

O juiz federal Sérgio Moro prosseguiu a audiência, questionando se o assistente de acusação ou os defensores que estavam tinham perguntas. “Se trata de outra pessoa, seria um uruguaio, um argentino”, disse um dos defensores. “Não tenho ideia, a testemunha é da acusação”, afirmou Moro.

Por fim, o juiz federal teve de reconhecer a falha. “Talvez o sr tenha sido chamado por engano, por alguma questão de homônimo. Eu declaro encerrado seu depoimento, também não tenho indagações”, disse Sergio Moro.

Mais tarde, em entrevista, o capoteiro, que é casado e pai de dois filhos, disse que um deles pensou que a intimação para comparecer à Justiça Federal, em Minas, fosse uma brincadeira. “Um deles falou: isso é negócio que põe na internet, o pessoal fica brincando. Eu falei: comigo não foi brincadeira, não. O rapaz trouxe a intimação, olha aqui.”

 “Me perguntaram de uns negócios que eu nunca tinha ouvido falar, de banco, um cara que eu nunca ouvi falar nele. (…) Ficaram foi rindo porque viram que a minha profissão era totalmente diferente da que eles estavam querendo”, contou o capoteiro.