Para jornais estrangeiros, Dilma volta a falar em golpe
Durante entrevista nesta quinta-feira (24) de quase duas horas à imprensa estrangeira, a presidente Dilma Rousseff falou de um “golpe” em curso no Brasil. A atitude da petista faz parte da tentativa de buscar apoio internacional contra seu afastamento.
Dilma avalia que seu processo de impeachment tem “vácuo de fundamentos legais”. Segundo o “The Guardian”, ela denunciou o que entende por “métodos fascistas” usados por parte da oposição.
“Nunca vimos tanta intolerância no Brasil”, criticou a presidente. “Não estou comparando o golpe de agora com o golpe dos militares [de 1964], mas de todo modo poderá quebrar a ordem democrática do país. E isso terá consequência. Talvez não imediatamente, mas será uma cicatriz na vida política nacional”, salientou.
Na sequência, informa o “The New York Times”, a governante atacou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), apontando que a Casa colocou a votação de afastamento em pauta para encobrir seus próprios problemas com a Justiça. E acrescentou: “por que eles querem que eu renuncie? Pensam que sou uma mulher fraca? Não sou”, questionou. “Querem evitar a dificuldade de retirar, ilegalmente e criminosamente, a legitimidade de uma presidente eleita”.
Lula na Casa Civil
Dilma Rousseff ainda demostrou apoio à nomeação de Luiz Inácio Lula da Silva para ministro chefe da Casa Civil, ao ressaltar que o talento do ex-presidente para a negociação política é fundamental em um cenário de crise, e criticou o argumento de que Lula estaria buscando amparo legal com foro privilegiado. “Estando no governo, ele responderia à maior Corte do país [Superior Tribunal Federal]. O STF não é bom o suficiente para julga-lo?”
Os jornais que participaram da entrevista foram o “Le Monde” (França), o “The Guardian” (Reino Unido), o “The New York Times” (EUA), o “El País” (Espanha), o “Pagina 12” (Argentina) e o “Die Zeit” (Alemanha).
Jornais apoiam saída da presidente
Vale ressalta que alguns dos veículos presentes na coletiva já se manifestaram sobre a crise política do Brasil.
Em editoriais recentes, o “The Guardian” recomendou como saída positiva a renúncia da presidente. O “The New York Times” classificou como “ridícula” a nomeação de Lula à Casa Civil.
Outro jornal a se posicionar foi a revista britânica “The Economist”, que publicou um editorial chamado “É hora de ir”, indicando caminhos para a saída de Dilma do Palácio do Planalto.