Em nova denúncia, Janot mostra vida luxuosa de Eduardo Cunha
Em apenas nove dias, no final de dezembro de 2012 e início de 2013, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), teve gastos no cartão de crédito de US$ 42,2 mil em restaurantes, hotel e lojas de grife em Miami Beach. O valor equivale a R$ 169,5 mil na mesma época em que ele recebia na Câmara R$ 17,7 mil.
Em fevereiro de 2015, quando já havia ocupado o cargo de presidente da Câmara, Cunha foi dar um passeio em Paris, onde também consumiu bastante. Em quatro dias, de 14 a 18, o peemedebista gastou US$ 1,3 mil no restaurante Gu Savoy, US$ 8,1 mil na loja de roupas masculinas Textiles Astrum France, US$ 965,69 no restaurante Les Tablettes, US$ 1.177 no Le Grand Vefour, US$ 15,8 mil no Hotel Plaza Athnee.
Os dados sobre a vida de luxos e prazeres do deputado alvo da Operação Lava Jato estão registrados na nova denúncia que o procurador-geral da República Rodrigo Janot apresentou ao Supremo Tribunal Federal na última sexta-feira (4) contra Eduardo Cunha. Desta vez, ação aponta o suposto recebimento na Suíça de mais de US$ 5 milhões em propinas “por viabilizar a aquisição de um campo de petróleo em Benin, na África, pela Petrobrás”.
Em 104 páginas, Janot acusa o presidente da Câmara pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e falsidade eleitoral. A acusação aponta ainda contas secretas de Eduardo Cunha na Suíça.
“Tais despesas, incompatíveis com o patrimônio lícito e declarado do denunciado e pagas com dinheiro proveniente de desvios da Petrobrás continuaram mesmo após a eleição de Eduardo Cunha para a presidente da Câmara dos deputados ocorrida em fevereiro de 2015”, destaca o procurador.
A quebra do sigilo do cartão de crédito do deputado impressionou o procurador. “Referidos extratos demonstram despesas completamente incompatíveis com os rendimentos lícitos declarados do denunciado (Eduardo Cunha) e seus familiares.”
A denúncia exige a devolução dos valores apreendidos nas contas secretas de Eduardo Cunha e a reparação dos danos materiais e morais duas vezes a maior do que propina cobrada, além da perda da função pública e do mandato.
“A atuação de Eduardo Cunha foi para garantir a manutenção do esquema ilícito no âmbito da Petrobras, mais especificamente na Diretoria Internacional, ao mesmo tempo que para facilitar e não colocar obstáculos na aquisição do Bloco de Benin. O bloco foi adquirido da companhia Compagnie Béninoise des Hydrocarbures Sarl (CBH), pelo valor de US$ 34,5 milhões, correspondentes a R$ 138,34 milhões. Como era um dos responsáveis do PMDB pela indicação e manutenção do então diretor da Área Internacional no cargo, Jorge Zelada, Cunha recebia um porcentual dos negócios”, diz o documento.