Desemprego pode ser pior em 2016, analisam economistas
O ano de 2016 pode superar 2015 em termos de desemprego. O fechamento de postos de trabalho pode se repetir até em maior grau, segundo especialistas.
Segundo o vice-diretor da Faculdade de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF), Renaut Michel, a taxa de desemprego no Brasil deverá aumentar em 2016 por causa da queda no nível da atividade econômica. “Não há nenhum tipo de expectativa positiva”, aponta o especialista em mercado de trabalho.
Para Michel, embora a construção civil tenha sentido mais os impactos da crise, outros setores da indústria deverão ser afetados ao longo de 2016. “A indústria já vem mal há um bom tempo. Enfrenta um problema sério de perda de competitividade, de queda de investimentos. Minha expectativa é que continue um ano muito ruim para a indústria, mas em alguma medida vai afetar também o comércio e o serviço, porque o ambiente de incertezas está levando as famílias a consumirem menos. Em consequência disso, os empresários investem menos e bancos também não emprestam”, disse.
O agronegócio, porém, pode ser um dos setores que não sinta com tanta ênfase os impactos da crise. “Mas não vai conseguir ser suficiente para minimizar o impacto muito ruim da trajetória do emprego nos próximos meses”, ponderou
Já o professor João Luiz Maurity Sabóia, do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), analisa que em 2015 se perderam quase dez anos de melhoras no que diz respeito ao mercado de trabalho. “Foram dez anos de melhoras sucessivas no mercado de trabalho, e boa parte disso, infelizmente, em um ano de recessão foi revertida”, apontou.
Para Sabóia, os problemas enfrentados em 2015 tiveram efeito pior no mercado de trabalho, em comparação aos impactos da crise internacional. “Aquilo [2008] foi um momento de desaceleração, mas não chegou a ser de piora do mercado de trabalho. E você sustentou esse movimento, praticamente, até o ano passado”, destacou.