PEC muda regra de vetos presidenciais no Parlamento
Tramita atualmente no Senado Federal uma Proposta de Emenda à Constituição – PEC nº 56/2016, de autoria da senadora Rose de Freitas (PMDB/ES), que propõe uma alteração nas regras de apreciação de vetos presidenciais a projetos de lei pelo Congresso Nacional. Pelas regras atuais, se os deputados e senadores levarem mais de 30 dias para decidir sobre um veto presidencial, ele passa a sobrestar toda a pauta de votações – ou seja, passa à frente de todos os demais projetos e impede qualquer deliberação até que o veto seja apreciado. A PEC cancela essa exigência.
Na justificativa da proposta, a senadora classifica o modelo como uma severa restrição da autonomia do Congresso Nacional.
“Entendemos que a soberania do Congresso Nacional não deve ser mitigada. O simples decurso de prazo para o exame de veto tem o condão de impedir o seu funcionamento regular, em uma restrição auto imposta que nos parece exagerada, ou, quando menos, desproporcional e desprovida de razoabilidade”, defende a senadora. A proposta ainda passará pela análise dos membros da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania – CCJ antes de seguir para o Plenário do Senado.
Segundo o advogado e professor de Direito Jorge Ulisses Jacoby Fernandes, o modelo de veto presidencial atende ao sistema de freios e contrapesos adotado pelo ordenamento jurídico brasileiro, que visa garantir o equilíbrio entre os três poderes da República.
“Assim, quando a constitucionalidade de uma lei editada pelo Congresso Nacional é questionada junto ao STF, o sistema de freios e contrapesos está sendo utilizado. Quando o Congresso Nacional rejeita uma Medida Provisória editada pela Presidência da República, também está se utilizando o sistema de controle. E não se está em situação diversa quando o presidente da República veta uma lei aprovada no Congresso Nacional”, explica.
Demora na avaliação
Dessa forma, o professor esclarece que toda vez que o Congresso aprova um projeto, fica a cargo do presidente da República decidir se o transforma em lei ou não, vetando-o nesse último caso.
“Quando o chefe do Executivo veta um projeto, seja em parte ou na íntegra, os parlamentares têm a prerrogativa de manter ou derrubar o veto, por meio de votação. A proposta da senadora Rose de Freitas mitiga os efeitos da demora na avaliação dos parlamentares dos vetos presidenciais”, destaca Jacoby Fernandes.
Desse Congresso não se espera nada. Não se sabe quem presta.